segunda-feira, 12 de julho de 2010

Retrospectiva da Copa 2010

Acabou-se o que era doce. Apito final na África do Sul, e chegou a hora de dar tchau às seleções, aos grandes jogadores e à emoção da Copa do Mundo para abrir lugar novamente aos campeonatos nacionais.

Estamos felizes que acabou a copa, Piqué?

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Imaginei. Mas você voltou pra casa feliz da vida, né não, garotão?



Ahh, muleque.


O melhor time ficou com o título, quanto a isso não há discussão. A Espanha vem fazendo por onde não apenas neste mundial. Nos últimos quatro anos, desde o final da Copa de 2006, nenhuma outra seleção se sobressaiu tanto quanto a espanhola. O único título que deixaram escapar foi o da Copa das Confederações. Para coroar essa vitoriosa geração, que conquistou tudo (ou quase tudo) pelos seus clubes, só faltava o título de campeões mundiais nacionais. E não houve nenhuma injustiça nisso.

Há quem diga que os espanhóis ficaram muito abaixo da crítica. De fato, a Espanha da Copa não foi a Espanha avassaladora da Eurocopa. O maior mérito do time nesta Copa talvez tenha sido a vitória sobre a Alemanha, que, depois de começar o mundial sob desconfiança devido a baixa média de idade do time, tornou-se rapidamente a favorita. Mas o 1x0 sobre os alemães foi a maior goleada desta Copa. Nenhum outro time foi tão senhor de um jogo, tão soberano, quanto a Espanha foi contra a Alemanha. Foi uma partida quase perfeita, onde a impressão era que eles poderiam fazer o gol a qualquer momento. Pegaram os alemães, ainda, em sua maioria, inexperientes, e colocaram no bolso. O estilo de jogo espanhol, de posse de bola, muita troca de passes e jogadas bem construídas, dado como morto por boa parte da crítica, provou-se, além de bonito, eficiente. A Espanha calou a boca daqueles fanfarrões que adoravam bradar que futebol bonito não ganha jogo. Tá aí.

"Ahh, mas aquilo não foi futebol bonito! Eles quase não fizeram gols!" Acho isso subjetivo. Futebol bonito, pra mim, não é só gol. Futebol bonito está na qualidade dos jogadores, na capacidade deles de construírem e dominarem um jogo. Nenhuma outra seleção teve um jogo coletivo tão forte quanto a Espanha. Ninguém era tão consciente da movimentação dos companheiros em campo, tão certeiro nos passes, tão perfeccionista, quanto a Espanha. A Alemanha chegou bem perto, mas faltou maturidade na hora H, coisa que sobrou aos espanhóis. Não esconderam sua vocação ofensiva em nenhum momento, apesar dos poucos gols, e mostraram uma defesa extremamente forte e equilibrada. Mais um mito derrubado: ter um time que joga para frente não necessariamente quer dizer ser vulnerável atrás.

O excesso de preciosismo talvez seja um inimigo espanhol. Quantas vezes os jogadores não se encontraram em condições de finalizar uma jogada ou chutar pro gol, e preferiram tocar a bola pro lado, ou tentar uma enfiada, procurando um companheiro em melhor condição, e acabaram perdendo o momento? Mas, se por um lado isso pode ser um defeito, por outro é uma prova de como os espanhóis estavam sempre mais conscientes do jogo e das possibilidades ao se redor, que os outros times. Se a Alemanha apostou na velocidade e na inteligência dos seus jogadores, matando os adversários com contra-ataques certeiros, a Espanha foi o extremo oposto: eles abriam caminho na defesa adversária com paciência e muito trabalho na bola. Os outros esperavam a Espanha errar para pegá-los desprevenidos, e, felizmente para eles e infelizmente para os outros, ainda que sem impressionar muito e sem mostrar a mesma desenvoltura e rapidez da Euro, a Espanha foi um time que errou muito pouco, coisa de time que se conhece muito bem.

Pelo conjunto da obra, e pela obra do conjunto, a Espanha mereceu a taça. Não entendo as críticas. Como pode um time que começa a Copa como favorito, e termina vencedor, ser decepcionante? Que se critique a forma de alguns jogadores, o desempenho de outros (Iniesta esteve abaixo do esperado a Copa quase toda, apesar do gol decisivo e da boa participação na final; Fernando Torres, mal recuperado de uma lesão séria, não foi à África do Sul), mas não o resultado.

É a Fúria, mané!



Não vou nem falar da Holanda. Time que foi pra uma final de Copa pensando em basear seu jogo em cavar faltinha (shame on you, Robben, shame on you!) e quebrar os adversários, nem merece ser citado. Entendo que final de Copa, especialmente entre dois times que estavam carregando o peso do mundo nos ombros, toda aquela pressão, certamente não seria o lugar de futebol bonito, passe de calcanhar e gol de voleio. Mas o que a Holanda fez foi absurdo. Com seus dois jogadores muito bem marcados, Robben e Sneijder, as poucas chances que tiveram na partida foram em cobranças de falta (quase todas encenadas pelo já citado Robben). Robben este que aliás perdeu o gol mais feito do jogo, cara-a-cara com Casillas - uma não, mas duas vezes - e só tem a si mesmo para culpar. Reclamaram dos cartões amarelos do juiz, mas o inglesão foi é gente fina; deveria ter sentado a mão no vermelho para De Jong e Van Bommel (que mereceu um vermelho pelo conjunto da obra de toda a Copa). Fiquei satisfeita que o estilo de jogo deles não saiu vitorioso, seria uma vergonha se tivesse dado resultado.

Mas enfim, final entre os dois times que começaram a Copa como favoritos absolutos. Nenhuma surpresa aí. Nenhum dos dois mostrou o futebol que se esperava deles, nem a Holanda foi a mesma da Euro (que protagonizou uma das partidas mais sensacionais dos últimos anos, contra a Rússia - uma pena que não foi pra Copa, aliás). Venceu o melhor.

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Hora então das votações e considerações finais! Depois de 30 dias de algum futebol, muita pelada, vuvuzelas e uma dose de jiu-jitsu, é hora dos votos finais. Coroa pra quem merece e troninho pra quem não desce (olha a sagacidade da menina, fez até rima - HA!).

Bola de Ouro: eu acompanho o voto do relator, e vou no Forlán. Como já tinha dito antes da disputa de terceiro lugar (pra não dizer que eu sou modinha), Diego Forlán, responsável por levar a limitada seleção do Uruguai até a semifinal com seus belos gols e grande liderança (juntamente com Suárez e sua mano de Dios) foi, na minha opinião, o grande destaque de uma Copa que teve como destaque, na verdade, o jogo coletivo de Alemanha e Espanha. O Uruguai como um todo está de parabéns pela campanha, mas sem dúvida nenhuma eles não teriam ido tão longe sem o talento de Forlán e seus cachinhos dourados.



Bola de lata: Felipe Mello. Sem titubear. Não que eu ache que ele foi o pior jogador da Copa de fato, mas eu vejo nele o símbolo de tudo que deu errado sob o comando Dunga - ou como os comentaristas no Brasil gostam de falar, me informou Aline Nastari, o dunguismo. A falta de talento dessa seleção, a agressividade desnecessária, o critério mais descriteriozo da história, o destempero e o brilho murcho que fez até a torcida virar contra se juntaram na figura do Felipe Mello, naquele pisão no Robben, e no seu cartão vermelho. A falta de humildade veio depois, nele, e no seu patrão, insistindo em dizer que não erraram e que deixaram um legado valioso para o Brasil. Triste. Já vai tarde, meu filho.

Miss Congeniality: Uruguai. Não foi apenas um jogador que conquistou com a simpatia, mas o time todo. A garra dos caras, o coração na ponta da chuteira, a força de vontade, tudo isso fez todo mundo ser um pouco uruguaio nessa Copa, e até mesmo os gringos que tanto criticaram o Suárez acabaram se rendendo à Celeste. O espírito de grupo deles foi uma lição no Dunga e seus sete anões, que foram pra Copa como divas bancando a Branca de Neve. Humildes desde o começo, reconhecendo suas limitações e indo atrás dos resultados até quando tudo já parecia perdido. O Uruguai protagonizou algumas das melhores partidas dessa Copa justamente por levar a emoção até o fim, e vendeu suas derrotas muito caro. Um beijo e um abraço pra eles.

Destaque geral Copa: Poderia ser a Espanha, campeã; poderia ser a Alemanha, impressionante com todos os seus garotinhos de ouro; poderia ser o Schweinsteiger, que fez uma Copa brilhante. Mas o destaque mesmo dessa Copa nem estava na África. O polvo Paul, que saiu invicto, acertou todos os vencedores dos jogos da Alemanha e ainda o da final, não deixou margem pra dúvida. Não teve pra ninguém.



Decepção mór: Em condições normais eu teria votado na Inglaterra, porque achei sinceramente que dessa vez a golden generation is mostrar porque merece o apelido, e foi justamente o contrário. Mas teve uma coisa que foi ainda mais zicado do que a Inglaterra: a Nike. Aquela campanha brilhante, Write The Future, conseguiu acabar com as chances de todos os personagens que eles escolheram pra participar das propagandas. Foi o polvo Paul ao contrário, prevendo quem é que ia se dar mal. No final ainda fizeram uma campanha especial pra Holanda - pobres coitados, a vitória da Espanha foi sacramentada ali. O comercial é ótimo, mas vai azarar assim lá na casa do escambau, hein?

Prêmio Morre Fácil: Eu poderia votar no Terry. Porque, né?



Como não?

MAS, como forma de homenagear a campeã, e também pensando além dos atributos físicos (não que o Terry seja perna de pau, mas nessa Copa, apesar de ter protagonizado um dos momentos mais legais no jogo contra a Eslovênia quando se jogou na bola estilo Pequena Sereia, ele esteve bem abaixo, e o desfalque do Ferdinand aos 45 do segundo tempo não ajudou em nada), vou votar nisso daqui:



Duas palavras: barba ruiva.

Menção honrosa ao Piqué, que além de ter feito bonito na tática, fez lindo na estética.


Prêmio Ribery-Tevez: Jandira Feghali meets Slot meets Calypso.



Carles Puyol, mostrando que você não precisa ter intimidade com a tesoura pra ser campeão da Copa.

Revelação: Tá todo mundo dando pro Müller (opa), mas eu vou fazer diferente. Claro, ele merece, foi sumpimpa pra caramba, jogou horrores, vai chegar na Euro matando cachorro a grito, etc. Não discordo do prêmio e acho que ele merece mesmo. Mas a minha rveelação vai pra outra pessoa. Um jogador que não é tão novo quanto o Müller, mas que quase ninguém conhecia - até essa Copa. Fábio Coentrão, jogador de 22 anos do Benfica que se encontrou na vida como lateral esquerdo e fez uma senhora Copa, apesar da declassificação precoce de Portugal. Já tá todo mundo de olho no rapaz, e com razão. Então já que todo mundo vai ficar falando do Müller mesmo, eu aproveito pra lembrar do Coentrão.

Luva de Ouro: Eduardo, goleiro de Portugal. Além de super simpático, agarrou demais nessa Copa. São Iker mereceu o prêmio pela atuação nessa reta final, mas o Eduardo foi embora tendo levado apenas um gol, e fazendo chover canivete direto. Merece ser lembrado.

Momento mais marcante: Como uma imagem vale mais do que mil palavras...



Uma das reviravoltas mais sensacionais da Copa. O Suárez vai ficar marcado nessa Copa não pelos seus gols, mas pela melhor defesa do campeonato.

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Então, né? A gente saúda a África do Sul, e bate palmas para os campeões.



Ficamos tristes por ter que dar tchau, mas felizes por todas as belas imagens que ficam. Né não, Xabi Alonso?

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Um beijo pra África!



E a gente se vê no Brasil. ;D

1 comentários:

CAPRITI, Psilla. disse...

GEMT! Genial! Sabia que era seu, Martha!

13 de julho de 2010 às 19:23

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