É difícil dizer qual é o problema com a
Inglaterra - e não por falta de hipótese. O fato é que o English Team ainda não foi nem sombra da seleção que fez uma ótima campanha nas eliminatórias européias, fazendo menos pontos apenas que a toda poderosa Espanha. Toda a empolgação que acompanhou o time até a
África do Sul foi seriamente ferido após o empate (com requintes de crueldade, diga-se de passagem) na estréia, contra os Estados Unidos, e terminou de morrer após
o desastre contra a Argélia.
Como a imprensa britânica não é boba nem nada, e sabe muito bem garantir o ganha-pão com
manchetes que seriam cômicas se não fossem dramáticas (paremos um segundo aqui para pensar no apocalipse que seriam as coletivas se o Dunga fosse o técnico da Inglaterra), já tratou de dar início a uma crise que, se não está sendo tão graves quanto às da França, podem chegar perto.
A atuação apática, estática e totalmente sem brilho da seleção inglesa fez os britânicos questionarem quais seriam os motivos para um time que prometia tanto estar correndo sérios riscos de eliminação logo na primeira fase. A dita "Golden Generation" do futebol inglês, sob a batuta de Steven Gerrard, Frank Lampard, John Terry, Ashley Cole e Wayne Rooney, além dos machucados Rio Ferdinand e David Beckham, conquistou tudo e mais um pouco pelos seus clubes, mas nunca conseguiu entregar pela seleção tudo o que o rótulo prometia. Para uma parte da torcida a explicação é simples: o British Team simplesmente não é tão bom quanto os próprios jogadores e todo o mundo acham que é. Será?
É claro que a Inglaterra não é nenhuma Espanha, que tem estrelas de primeiro escalão do primeiro ao terceiro goleiro. É bem verdade também que, se a Premier League é considerado o campeonato mais forte do mundo, e se os times ingleses passaram bons anos dominando o cenário mundial, é fato que muito disso se deve aos estrangeiros que invadiram a Inglaterra. Mas questionar a qualidade de jogadores como Gerrard e Lampard é um pouco demais. Esperar que eles tenham a mesma performance pela seleção que tem por seus clubes é ilusório; poucos - aliás, pouquíssimos - são os jogadores que conseguem ser 100% pelos seus clubes e seleções. Mas o que seria do Liverpool se não fosse o Gerrard? O que seria do Chelsea sem a liderança de John Terry e seu BFF, Frank Lampard?
O que seria do Manchester United sem Wayne Rooney? Talvez alguns deles não sejam mais a mesma Brastemp de três anos atrás, mas ainda assim.
Que são jogadores de primeira linha eu não tenho dúvidas, como não tenho dúvidas também de que os ingleses são bons o suficientes para avançar nessa Copa do Mundo, pelo menos em teoria. Se não chegar até a final, pelo menos passar facilmente desta primeira fase.
Que pasa, Inglaterra?
A segunda hipótese, que eu considero bastante plausível, ainda que questionável, é falta de resistência à pressões exteriores. Justamente por se tratar da geração dourada, e por esta geração já estar chegando nos seus finalmentes sem ter conquistado resultados expressivos para o país, os jogadores carregam um peso triplo nas costas. Desde 1966 a Inglaterra espera o nascimento de um time que seja capaz de levar os inventores do futebol de volta ao ponto mais alto do pódium mundial - e desde 1966, time após time vem frustrando a torcida. E não só a torcida, como a mídia também. A imprensa britânica, que já adora um escândalo por natureza, não perde uma oportunidade de alfinetar, e está adorando se frustrar com mais um fraco início de Copa da sua seleção.
A imprensa de um lado, a torcida do outro, o fim da carreira pela seleção chegando, e
pum. A camisa britânica exerce nos jogadores um efeito contrário à que a do Brasil exerce nos brasileiros; enquanto a nossa parece encher jogadores como Robinho, Elano, Julio Baptista e cia. de confiança, a britânica faz os seus atletas tremerem nas bases.
Mas como é que jogadores que já jogaram dezenas de finais, já ganharam dezenas de títulos e já tiveram a responsabilidade de levar os seus times às conquistas dezenas de vezes não conseguem controlar a ansiedade, a ponto de se tornarem amedrontados que sequer conseguem arriscar em campo? Como é que o medo de errar pode superar a vontade de se destacar, de vencer? Como é que líderes naturais ficam calados durante 90 minutos, assistindo seus companheiros perdidos e sem sangue em campo? Difícil entender. Mas esta parece ser a única alternativa que
Fábio Capello encontrou para explicar o fracasso dos seus comandados até aqui.
O coach italiano da seleção afirmou que não consegue entender o que se passa em campo, já que ele está usando o mesmo esquema das eliminatórias, dando as mesmas instruções e agindo exatamente da mesma forma. Ou seja: claramente o problema não é dele, que não hesitou em afirmar que o problema do time "são os nervos".
Essa atitude do Capello, pra mim, reflete uma imensa falta de tato em um momento claramente delicado. Que a Inglaterra gosta de escorregar na banana e não raramente mostra um déficit de afinco prejudicial em momentos cruciais (vide a não-classificação para a última Eurocopa, em 2008) todo mundo sabe. Mas essa é uma Copa do Mundo, e um cara de bagagem, com o currículo do Capello, deveria entender que há horas em que alguém tem que ceder.
Não é de hoje que os jogadores apresentam uma certa reticência em relação à, digamos, falta de calor do técnico. Capello não é amigo dos seus comandados - e tudo bem, ele não tem que ser amigo, tem que ser um bom chefe. Mas se ele sabe que a Inglaterra sofre dessa carência de afeto e calor humano, se sabe que eles precisam de uma injeção de confiança que só uma mão amiga pode aplicar, por que não tentar ser mais parceiro?
As
críticas - ou "críticas" - de John Terry em relação estilo de comando de Capello geraram um
bafafá à lá Dunga-pós coletiva.
Terry falou da vontade de ver Joe Cole sendo escalado como titular, falou que ainda se sente capitão do time, falou que outros jogadores também estão frustrados e sentem necessidade de um diálogo com o treinador - e disse que isso tudo seria debatido na tal reunião, onde ele e mais alguns iriam se dirigir a Capello para expor as suas opiniões.
Agora eu pergunto: qual é o problema?
Tá que isso não é o que um jogador normalmente abre para a imprensa - tá que o clima já não estava bom pelos resultados. Mas ele disse alguma coisa demais? Em nenhum momento ele desrespeito o técnico, muito pelo contrário - elogiou o trabalho do Capello, disse que o treinador devolveu a confiança à equipe e que o time estava totalmente fechado com ele. É óbvio que alguma coisa está errada, e eu não vejo nada demais em conversar abertamente sobre isso. Não é só porque o Capello é o técnico que ele necessariamente tem todas as respostas para o puzzle inglês, afinal, quem convive o ano inteiro, se enfrentando ou jogando junto pelos seus clubes, o ano inteiro, são eles.
Mas não; os outros jogadores logo trataram de se afastar, dizendo que jamais tinham concordado com Terry, e ele acabou recebendo pedidos pouco simpáticos de membros da comissão técnica para que não se manifestasse durante a reunião. O que aconteceu? Eles simplesmente sentaram e ouviram Capello dizer que o problema era a falta de confiança deles, sem que ninguém se manifestasse para falar o que realmente sentiam.
Ou pelo menos foi isso que a imprensa britânica divulgou.
No que isso ajuda a melhorar o climão, eu não sei. Mas sei que a situação, se já estava ruim, deve ter ficado ainda pior quando Cepello foi à mídia dar esporro no Terry, dizendo que ele cometeu um grande erro, e que a tal "revolta" que ele estaria tentando criar (oi q?) era na verdade um problema pessoal dele, e não algo coletivo. "
Se algum jogador está insatisfeito, eu só tenho a lamentar por ele. Penso no time, e não nos indivíduos." Em outras épocas eu até diria que ele está certo, mas definitivamente não quando quem está insatisfeito no seu time é Wayne Rooney, vulgarmente conhecido como
seu melhor jogador. Se você quer chegar a algum lugar, então esse é um problema que você tem que resolver, meu filho.
Eu imagino que a última coisa que o Capello queira numa hora como essas é que jogadores-chave do seu time entrem em campo numa bad. Se o boca-grande vai na imprensa falar o que não deve, entenda Capello, você, como voz da razão que deve ser,
não pode entrar na briguinha infantil e fazer o mesmo. Se jogador pudesse comandar o time sozinho, não haveria necessidade de ter um comandante, e ele não tá lá só pra dizer que o Joe Cole não vai jogar, que o Heskey é bom o suficiente e que o Gerrard tem que jogar na esquerda - ele tá lá pra manter o comando sobre a equipe quando tudo o mais falhar. Se os nervos dos seus pequetitos está indo embora, é responsabilidade tomar as rédeas - de maneira sóbria e exemplar, não jogando a culpa toda neles e dando palmadas públicas naquele que é, queira ou não, o capitão em espírito da equipe.
Ingenuidade tola do Terry + ego elevado a níveis estratosféricos do Capello = Lampard trabalhando mais fora de campo do que dentro dele e The Sun vendendo mais do que nunca.
Ahh, Inglaterra...
Mas como nem tudo é tristeza!E como eu sou paga *ahem* pra falar de homem nesse programa, aproveitando a deixa britânica, não poderia deixar de colocar aqui alguns pitéis à lá chá-das-cinco.
Frank Lampard, BFF, vice-capitão e bombeiro nas horas vagas. NÃO IMPORTA O QUE A MARIA LUIZA ACHE, ele ainda é alto, moreno, bonitão, do tipo que as garotas acham um pão (fiz até rima, olha só).
Belos olhos verdes.
Imagem mais marcante da Copa.
O divo, o muso, o linguarudo da seleção inglesa!
Olhos de ressaca. De quem vai acabar com o casamento do melhor amigo. (
Lampsy que se cuide.)