segunda-feira, 21 de junho de 2010

E eu gostava tanto de você...

É difícil dizer qual é o problema com a Inglaterra - e não por falta de hipótese. O fato é que o English Team ainda não foi nem sombra da seleção que fez uma ótima campanha nas eliminatórias européias, fazendo menos pontos apenas que a toda poderosa Espanha. Toda a empolgação que acompanhou o time até a África do Sul foi seriamente ferido após o empate (com requintes de crueldade, diga-se de passagem) na estréia, contra os Estados Unidos, e terminou de morrer após o desastre contra a Argélia.


Como a imprensa britânica não é boba nem nada, e sabe muito bem garantir o ganha-pão com manchetes que seriam cômicas se não fossem dramáticas (paremos um segundo aqui para pensar no apocalipse que seriam as coletivas se o Dunga fosse o técnico da Inglaterra), já tratou de dar início a uma crise que, se não está sendo tão graves quanto às da França, podem chegar perto.


A atuação apática, estática e totalmente sem brilho da seleção inglesa fez os britânicos questionarem quais seriam os motivos para um time que prometia tanto estar correndo sérios riscos de eliminação logo na primeira fase. A dita "Golden Generation" do futebol inglês, sob a batuta de Steven Gerrard, Frank Lampard, John Terry, Ashley Cole e Wayne Rooney, além dos machucados Rio Ferdinand e David Beckham, conquistou tudo e mais um pouco pelos seus clubes, mas nunca conseguiu entregar pela seleção tudo o que o rótulo prometia. Para uma parte da torcida a explicação é simples: o British Team simplesmente não é tão bom quanto os próprios jogadores e todo o mundo acham que é. Será?


É claro que a Inglaterra não é nenhuma Espanha, que tem estrelas de primeiro escalão do primeiro ao terceiro goleiro. É bem verdade também que, se a Premier League é considerado o campeonato mais forte do mundo, e se os times ingleses passaram bons anos dominando o cenário mundial, é fato que muito disso se deve aos estrangeiros que invadiram a Inglaterra. Mas questionar a qualidade de jogadores como Gerrard e Lampard é um pouco demais. Esperar que eles tenham a mesma performance pela seleção que tem por seus clubes é ilusório; poucos - aliás, pouquíssimos - são os jogadores que conseguem ser 100% pelos seus clubes e seleções. Mas o que seria do Liverpool se não fosse o Gerrard? O que seria do Chelsea sem a liderança de John Terry e seu BFF, Frank Lampard? O que seria do Manchester United sem Wayne Rooney? Talvez alguns deles não sejam mais a mesma Brastemp de três anos atrás, mas ainda assim.


Que são jogadores de primeira linha eu não tenho dúvidas, como não tenho dúvidas também de que os ingleses são bons o suficientes para avançar nessa Copa do Mundo, pelo menos em teoria. Se não chegar até a final, pelo menos passar facilmente desta primeira fase.


Que pasa, Inglaterra?


A segunda hipótese, que eu considero bastante plausível, ainda que questionável, é falta de resistência à pressões exteriores. Justamente por se tratar da geração dourada, e por esta geração já estar chegando nos seus finalmentes sem ter conquistado resultados expressivos para o país, os jogadores carregam um peso triplo nas costas. Desde 1966 a Inglaterra espera o nascimento de um time que seja capaz de levar os inventores do futebol de volta ao ponto mais alto do pódium mundial - e desde 1966, time após time vem frustrando a torcida. E não só a torcida, como a mídia também. A imprensa britânica, que já adora um escândalo por natureza, não perde uma oportunidade de alfinetar, e está adorando se frustrar com mais um fraco início de Copa da sua seleção.


A imprensa de um lado, a torcida do outro, o fim da carreira pela seleção chegando, e pum. A camisa britânica exerce nos jogadores um efeito contrário à que a do Brasil exerce nos brasileiros; enquanto a nossa parece encher jogadores como Robinho, Elano, Julio Baptista e cia. de confiança, a britânica faz os seus atletas tremerem nas bases.


Mas como é que jogadores que já jogaram dezenas de finais, já ganharam dezenas de títulos e já tiveram a responsabilidade de levar os seus times às conquistas dezenas de vezes não conseguem controlar a ansiedade, a ponto de se tornarem amedrontados que sequer conseguem arriscar em campo? Como é que o medo de errar pode superar a vontade de se destacar, de vencer? Como é que líderes naturais ficam calados durante 90 minutos, assistindo seus companheiros perdidos e sem sangue em campo? Difícil entender. Mas esta parece ser a única alternativa que Fábio Capello encontrou para explicar o fracasso dos seus comandados até aqui.


O coach italiano da seleção afirmou que não consegue entender o que se passa em campo, já que ele está usando o mesmo esquema das eliminatórias, dando as mesmas instruções e agindo exatamente da mesma forma. Ou seja: claramente o problema não é dele, que não hesitou em afirmar que o problema do time "são os nervos".


Essa atitude do Capello, pra mim, reflete uma imensa falta de tato em um momento claramente delicado. Que a Inglaterra gosta de escorregar na banana e não raramente mostra um déficit de afinco prejudicial em momentos cruciais (vide a não-classificação para a última Eurocopa, em 2008) todo mundo sabe. Mas essa é uma Copa do Mundo, e um cara de bagagem, com o currículo do Capello, deveria entender que há horas em que alguém tem que ceder.


Não é de hoje que os jogadores apresentam uma certa reticência em relação à, digamos, falta de calor do técnico. Capello não é amigo dos seus comandados - e tudo bem, ele não tem que ser amigo, tem que ser um bom chefe. Mas se ele sabe que a Inglaterra sofre dessa carência de afeto e calor humano, se sabe que eles precisam de uma injeção de confiança que só uma mão amiga pode aplicar, por que não tentar ser mais parceiro?


As críticas - ou "críticas" - de John Terry em relação estilo de comando de Capello geraram um bafafá à lá Dunga-pós coletiva.


Terry falou da vontade de ver Joe Cole sendo escalado como titular, falou que ainda se sente capitão do time, falou que outros jogadores também estão frustrados e sentem necessidade de um diálogo com o treinador - e disse que isso tudo seria debatido na tal reunião, onde ele e mais alguns iriam se dirigir a Capello para expor as suas opiniões.


Agora eu pergunto: qual é o problema?


Tá que isso não é o que um jogador normalmente abre para a imprensa - tá que o clima já não estava bom pelos resultados. Mas ele disse alguma coisa demais? Em nenhum momento ele desrespeito o técnico, muito pelo contrário - elogiou o trabalho do Capello, disse que o treinador devolveu a confiança à equipe e que o time estava totalmente fechado com ele. É óbvio que alguma coisa está errada, e eu não vejo nada demais em conversar abertamente sobre isso. Não é só porque o Capello é o técnico que ele necessariamente tem todas as respostas para o puzzle inglês, afinal, quem convive o ano inteiro, se enfrentando ou jogando junto pelos seus clubes, o ano inteiro, são eles.


Mas não; os outros jogadores logo trataram de se afastar, dizendo que jamais tinham concordado com Terry, e ele acabou recebendo pedidos pouco simpáticos de membros da comissão técnica para que não se manifestasse durante a reunião. O que aconteceu? Eles simplesmente sentaram e ouviram Capello dizer que o problema era a falta de confiança deles, sem que ninguém se manifestasse para falar o que realmente sentiam.


Ou pelo menos foi isso que a imprensa britânica divulgou.


No que isso ajuda a melhorar o climão, eu não sei. Mas sei que a situação, se já estava ruim, deve ter ficado ainda pior quando Cepello foi à mídia dar esporro no Terry, dizendo que ele cometeu um grande erro, e que a tal "revolta" que ele estaria tentando criar (oi q?) era na verdade um problema pessoal dele, e não algo coletivo. "Se algum jogador está insatisfeito, eu só tenho a lamentar por ele. Penso no time, e não nos indivíduos." Em outras épocas eu até diria que ele está certo, mas definitivamente não quando quem está insatisfeito no seu time é Wayne Rooney, vulgarmente conhecido como seu melhor jogador. Se você quer chegar a algum lugar, então esse é um problema que você tem que resolver, meu filho.


Eu imagino que a última coisa que o Capello queira numa hora como essas é que jogadores-chave do seu time entrem em campo numa bad. Se o boca-grande vai na imprensa falar o que não deve, entenda Capello, você, como voz da razão que deve ser, não pode entrar na briguinha infantil e fazer o mesmo. Se jogador pudesse comandar o time sozinho, não haveria necessidade de ter um comandante, e ele não tá lá só pra dizer que o Joe Cole não vai jogar, que o Heskey é bom o suficiente e que o Gerrard tem que jogar na esquerda - ele tá lá pra manter o comando sobre a equipe quando tudo o mais falhar. Se os nervos dos seus pequetitos está indo embora, é responsabilidade tomar as rédeas - de maneira sóbria e exemplar, não jogando a culpa toda neles e dando palmadas públicas naquele que é, queira ou não, o capitão em espírito da equipe.


Ingenuidade tola do Terry + ego elevado a níveis estratosféricos do Capello = Lampard trabalhando mais fora de campo do que dentro dele e The Sun vendendo mais do que nunca.


Ahh, Inglaterra...



Mas como nem tudo é tristeza!


E como eu sou paga *ahem* pra falar de homem nesse programa, aproveitando a deixa britânica, não poderia deixar de colocar aqui alguns pitéis à lá chá-das-cinco.



Frank Lampard, BFF, vice-capitão e bombeiro nas horas vagas. NÃO IMPORTA O QUE A MARIA LUIZA ACHE, ele ainda é alto, moreno, bonitão, do tipo que as garotas acham um pão (fiz até rima, olha só).





Belos olhos verdes.




Imagem mais marcante da Copa.





O divo, o muso, o linguarudo da seleção inglesa!





Olhos de ressaca. De quem vai acabar com o casamento do melhor amigo. (Lampsy que se cuide.)

2 comentários:

Maria Luiza disse...

A seleção inglesa era uma das que eu mais queria ver na Copa por causa da campanha que fez nas Eliminatórias. Parecia que, dessa vez, eles iam se empolgar e fazer bonito no Mundial. Mas a questão é que de quatro em quatro anos é a mesma coisa: toda a Inglaterra (aqui eu falo do país e não da seleção) se enche de euforia e de expectativas pra tentar repetir o título de 66. Sempre acham que a seleção da vez é a melhor da História. E na maior parte das vezes não é. Deve doer muito no coração de cada inglês ver que o país que inventou o futebol só tem um título na estante.

A geração de ouro fez bonito nos clubes, mas não parece ir bem na seleção. Pode até ser culpa do técnico, que escala jogadores em posições diferentes das que ele costumam jogar; pode ser por falta de entrosamento entre os jogadores; pode ser pressão da cruel imprensa britânica. Mas até ai, nada que o Brasil também não tenha sofrido. Sei lá se a gente é mais sortudo do que eles, mas tem um diferencial ai que pesa. E eu acho que é a paixão, a raça, o "crescer na hora certa". Eu espero que os problemas extra-campo (que SEMPRE existem com a Inglaterra) acabem nessa terceira rodada pra, pelo menos, eles poderem fazer o melhor e lutar por uma vaga nas oitavas. Se vão avançar depois disso, são outros 500.

OBS: Cadê o Gerrard nessas fotos? Tem o Lampard umas 3 vezes e nada dele? #putafaltadesacanagem

22 de junho de 2010 às 10:37
Marcella disse...

Nossa, que mancada a minha! Vou providenciar belas fotos do capitão pra um próximo post sobre a Inglaterra.

Espero que eu não tenha xingá-lo.

22 de junho de 2010 às 17:49

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